Dez maneiras de afastar um catequista

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Infelizmente na maioria das paróquias faltam catequistas. Os párocos e coordenadores da catequese não perdem tempo em reclamar. Vão à luta, empenham-se em convidar e em formar novos catequistas. Mas, às vezes, erros imperdoáveis são cometidos e os novos e os catequistas veteranos, tão arduamente recrutados, desaparecem. Vi ao longo de uma caminhada como catequista, alguns sinais de como essas pessoas acabam se afastando da comunidade. Aqui estão:


1.Perder a pessoa no anonimato:
Por muitas vezes o tratamento impessoal e massificado, faz com que a pessoa (catequista) sinta-se apenas mais um eu meio a multidão. Geralmente a coordenação e o pároco não podem estar sempre presentes nos encontros e durante a catequese. Então este papel de acolhedor, de amigo e companheiro tem que partir daquele outro catequista, daquele que direta ou indiretamente está mais perto e sente a necessidade daquele catequista se sentir na comunidade.

2. Ajuda-me por favor
Nada é pior do que convidar alguém para a catequese como um favor. É claro que a pessoa não vai querer te deixar mal se você a convida para ser catequista como um favor pessoal. Mas os teus amigos vão realizar esse serviço como uma obrigação. Dimensões como o sentido de Igreja, a vocação de catequista vão ficar em segundo ou terceiro plano. O serviço desse catequista vai ser insatisfatório porque a motivação original está equivocada.
Então: Se tens amigos ou conhecidos que tenham desejo de servir na Igreja como catequistas, já tens uma vantagem no recrutamento: de partida já existe uma relação estabelecida com ele(s) e não tem que começar do zero, mas não pode partir da noção que, como você de ser catequista, todos os teus amigos hão de gostar de ser catequistas também. Tente harmonizar as necessidades que existe na catequese com os interesses que há do lado da oferta. E não se esqueça de encaminhar, com respeito, para outros serviços da paróquia aqueles que desejam empenhar-se mais ativamente, mas que não têm vontade/motivação/talento para a catequese.

3.Atirá-los às feras
Você pensa com os teus botões: Aí está este novo catequista. Está cheio de entusiasmo. Traz novas idéias...Nem pensa duas vezes. Entrega-lhe a pasta com as inscrições de catequizando, dás-lhe o guia e o catecismo, mas dois dias depois do primeiro encontro de catequese, o novo catequista vem lhe ver, devolve o guia e o catecismo, tudo embrulhado num sorriso simpático: Obrigado pelo convite, mas acho que não era bem isto que eu queria. E aí vai ele. E nunca mais o volta a ver na catequese.
Então: Quando surge algum novo catequista, procure que ele tenha contato com os vários serviços da catequese: as várias idades, as várias tarefas. Sempre acompanhado por um catequista mais experiente e bem formado. Quem se oferece para fazer catequese pode ainda não ter idéias muito claras sobre o que gosta de fazer, o que é capaz de fazer. Você, a coordenação e a tua paróquia podem estar muito necessitados de mão-de-obra, mas o novo catequista merece todo o respeito. Não o pode tratá-lo como bala para canhão.
Entregar-lhe uma tarefa para a qual não está preparado é péssimo:para ele, porque se sente desmotivado; para os catequizandos, porque são mal servidos e para o grupo de catequistas, porque recebem a mensagem que não merecem respeito.

4. Dar aos candidatos uma falsa impressão
No diálogo com as pessoas há uma regra óbvia (e muitas vezes esquecida): seja honesto desde o principio, porque, de uma maneira ou de outra, a verdade sempre aparece. Isto vale para os negócios, para as relações internacionais, para os namoros e também vale quando você convida um novo catequista. Se você demonstra uma imagem de catequista que não corresponde à realidade, o candidato vai se sentir enganado quando descobrir a verdade. E vai sentir que o seu sim foi dado numa base de falsidade. E sente-se legitimado para se ir embora, assim que puder.
Então, descreva a tarefa que se pede aos catequistas com exatidão. Não digas que cada grupo tem 15 crianças quando vai colocá-lo num grupo de 25. Não lhe garanta que cada catequista novo é sempre acompanhado por um catequista mais velho, quando esse catequista acompanhante não existe.
Assim que algum catequista aceitar colaborar na paróquia, procure com que ele participe num curso de iniciação. Isso vai lhe permitir uma idéia clara do que é a catequese. Além disso, a paróquia deve ter um manual de instruções que deve ser entregue a cada catequista. Nesse manual estarão os valores e as tarefas dos catequistas e deve informar o catequista quais as suas tarefas e quais os horários dos encontros e das reuniões. Ele deve saber com quem contar quando tiver dúvidas ou problemas.

5. Falas muito... mas...
Você pode ter um estilo muito animado. Apresenta a catequese como algo apaixonante, mas depois de te ver em ação, depois de falar com outros catequistas, o outro catequista conclui você tem muito estilo e pouca substância.
Então,se gosta do que está fazendo isso é notável e se finge, isso é notável também. Antes de fazer coisas importantes e vistosas, procure fazer tarefas mais humildes e rotineiras. E é a tua atitude verdadeira que vai ser capaz de seduzir outros para este serviço de Igreja que é a catequese. Por isso, quando você começa a sentir cansado, quando começa a esquecer o sentido do que tens vindo a fazer... pare para pensar.

6. Fazer suposições
É óbvio, não? Precisamos de mais e de melhores catequistas... Todos sabem disso. Ou talvez não. Você pode julgar que os pais e o resto da paróquia conhecem as dificuldades pela qual passa a catequese (que são óbvias para você). Mas, na realidade, os pais até poderiam estar disponíveis para colaborar mais, porém supõem que tudo funciona na perfeição. Eles pensam que quem precisa de ajuda, pede!
Então se faz necessário a comunicação clara das necessidades da catequese e dos catequistas. Não apenas aos candidatos a catequistas. Fale aos responsáveis de outros setores da paróquia, aos catequistas mais velhos... a toda a gente. Nos órgãos de comunicação da paróquia (site, jornal...) vai dando informações atualizadas e concretas das necessidades de pessoal da catequese.
Quando souberes de alguém que poderia assumir um lugar de catequista, entra em contato com ela e explica-lhe porque é que acha que a pessoa poderia prestar um bom serviço. Não tenhas medo de pedir a ajuda das pessoas: as pessoas não conseguem responder a uma necessidade que não sabem que existe.

7. Não partilhar a missão
As pessoas gostam de sentir que fazem parte de algo importante. Elas gostam de saber que o seu esforço está fazendo a diferença. Se vai conversar com um catequista e não consegue comunicar-lhe o sentido, a missão, da catequese... provavelmente, fracassará ao tentar cativá-lo para a catequese. Porque não conseguiu convencer do papel decisivo da catequese na vida das pessoas.
É preciso partilhar as metas da catequese com todos aqueles com quem conversa. Sem medo! Essa pessoa pode vir a dar um grande catequista! Quando as pessoas descobrem que fazer catequese não é entreter as crianças nem brincar de ser professor, mas que é assegurar a continuidade da Igreja e do Evangelho... então, a hipótese de ser catequista é muito mais valorizada. Os catequistas precisam saber que há uma razão profunda para as tarefas que lhes são pedidas. Por isso... não seja egoísta! Partilhe essas razões. E partilha-as com freqüência e criatividade.

8. Oferta sem opções
Para este ano só temos falta de catequistas da adolescência. Se não quiseres pegar este grupo, não nos serves. Ou quando manda embora os jovens por serem muito novos, ou os casados porque não têm tempo, ou os solteiros porque não têm experiência, ou os idosos, por serem velhos, ou as mães, por terem outras obrigações. Esta rigidez de critérios leva, cedo ou tarde, os catequistas desistirem depressa. Então, organize a catequese de modo que os catequistas possam entrar por muitas portas. Mesmo que tenha todos os catequistas de que precisa (Aleluia!!!) não desistas de procurar novos catequistas. O seu papel não é só resolver as necessidades mas também ajudar ao desenvolvimento vocacional das pessoas da sua comunidade.
Invente lugares e tarefas se necessário for. Mas nunca desprezes uma oferta generosa de alguém que quer dar o seu tempo e talentos em favor da catequese.

9. Não equipar as pessoas para a tarefa
Os catequistas não se agüentam muito tempo quando sentem que não foram preparados, treinados para as tarefas que lhes são pedidas. E mesmo os catequistas com mais tempo sentem-se mal quando não sentem que a sua competência cresce. É seu dever de cristão procurar ajudar, é uma forma de prepará-los para o seu ministério. Tens também de se assegurar que os materiais necessários para a catequese estão disponíveis. Além disso, ofereça oportunidade de formação permanente a todos os que trabalham na catequese.

10. Tu és responsável por aquilo que cativas
Catequista tem também problemas pessoais, financeiros e conflitos religiosos. É importante que você como Catequista e companheiro de missão, juntamente com a coordenação e o pároco procure ver e avaliar a vida de cada catequista, oferecendo ajuda espiritual e material (se for o caso).
Querendo ou não, problemas externos acabam acarretando medo e dúvida na vida do cristão. Vontade de desistir, atraso nos encontros, falta de preparo antecedente ao encontro são alguns dos sinais de que aquele catequista está precisando de ajuda.
É bom que seja permitido ao catequista a opção de melhor horário para que ele possa cumprir tarefa de catequista. Catequista é antes de tudo formador de “cristão”, a missão dele é fortalecer o fundamento da fé de cada catequizando.
Uma vez catequista, é necessário que todo o grupo jamais o deixe desistir.





Sandra Avelino


ssimplesmente@gmail.com


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Sandra Avelino é catequista na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Arquidiocese de Feira de Santana/BA

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Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe acompanhem!
Seu comentário é precioso.
Muito obrigada!
Afetuosamente,
Clécia e Sandra

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