Este texto é um convite a estudarmos os apóstolos e aprofundarmos os nossos conhecimentos, digo convite porque meu objetivo é apenas instigá-los a buscar. Estou realizando um pequeno estudo dos doze, brevemente falaremos de André.
Att.: Clécia Ribeiro [1]
"Tu es Petrus et super hanc petram edificabo Ecclesiam meam"
(Mat. 16, 18)
Filho de João, irmão de André, Simão era de Betsaida uma pequena cidade a leste do mar da Galiléia. Era pescador e dirigia com a família de Zebedeu (pai de Tiago e João) uma pequena empresa pesqueira, por isso é provável que tivesse uma boa situação econômica.
Movido por um intenso desejo de ver o mundo transformado por Deus, foi assim estimulado a ir com André para ouvir a pregação de João Batista ( Jo 1,35-42).
Os Evangelhos nos informam que Pedro está entre os quatro primeiros discípulos de Jesus, a estes soma-se Levi. Era de costume todo “rabbi” ter cinco discípulos, mas Jesus passa de cinco para doze, mostrando que não é apenas mais um, mais veio reunir o Israel escatológico [2] . O número doze simboliza as doze tribos de Israel.
Pedro aparece como alguém decidido e impulsivo, ingênuo e medroso, honesto e arrependido. Vale lembrarmos o uso da espada no Jardim das Oliveiras, a negação três vezes, entre outros fatos (Jo 18,10 e Mt 26,75).
A missão de Pedro começa com o chamado de Jesus. Isso acontece num dia comum de trabalho, dentro da rotina. Jesus usa o barco de Simão para ensinar a multidão (Lc 5,1-3), isso ocorrerá outras vezes.
Depois da pesca milagrosa (Lc 5,4-10) Jesus o convida a um projeto que ultrapassa suas expectativas: “Não tenhas medo, doravante serás pescador de homens”. E com um sim generoso e corajoso ele jamais imaginara que um dia chegaria a Roma e seria reconhecido como primeiro Papa.
Como fora dito antes, Pedro movido por um intenso desejo de amar a Deus é capaz de reconhecer com facilidade quem é Jesus: “Tu és o Cristo” (Mc 8,29), mas ao mesmo tempo demonstra incompreensão diante do anúncio da Paixão, ele protesta, se escandaliza (Mc 8,32-33). Em sua jornada espiritual Pedro ainda não compreende que Jesus é o Deus feito homem, o Servo, aquele que toma o caminho da humildade e sofrimento. Para compreender a grandiosidade da missão de Cristo é necessário colocarmos de lado nossas expectativas humanas. Temos muito a aprender com o Mestre, caminhando ao lado de Pedro.
É nessa caminhada que Jesus convida Pedro a verdadeira conversão: “Afasta-te de mim Satanás, pois não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens”. Não cabe a nós mostrarmos o caminho, Jesus toma o caminho, a nós cabe segui-lo e assim, Pedro aprende de fato o que é seguir Jesus.
Pedro foi crescendo espiritualmente e cresceu a ponto de seguir reconhecendo sua fragilidade, mas consciente que o Ressuscitado estaria sempre ao lado dele, foi desfazendo-se paulatinamente dos seus desejos egoístas, meramente humanos.
Esse caminho longo de preparação, percorrido por Pedro, torno-o além de uma testemunha ocular e confiável em “pedra” pois esteve sempre aberto a ação do Espírito Santo e por isso mesmo é alicerce da Igreja.
Ao longo do caminho, Simão irá se revelar como testemunha do sofrer e participe da glória do Senhor (I Pd 5,1). No seu caminhar, ele tornou-se de fato rocha, como Jesus o disse: “Chamarar-te-ás Cefas” (pedra) (Jo 1,42). Em grego Petros, em latim Petrus. Essa mudança assinalva o prenuncio de uma grande missão, como verificamos algumas vezes no Antigo Testamento, quando Deus mudava o nome das pessoas.
De fato, muitos sinais indicam que Pedro tem uma grande missão: em Cafarnaum Jesus entra na casa de Pedro (Mc 1,29); as margens do lago de Genesaré, Jesus escolhe o barco dele (Lc 5,3); quando Jesus quer consigo poucos discípulos Pedro sempre está entre eles (Mc 5,37 ; Lc 8,51); na Transfiguração (Mc 9,2); no Jardim de Getsêmani (Mt 26,37); Jesus paga imposto por Pedro somente (Mt 17,24-27); lava primeiro os pés dele na última Ceia (Jo 13,6) entre tantas outras circunstâncias que podemos observar nas Sagradas Escrituras.
Vale também recordarmos a declaração do próprio Jesus: “Também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,8-19).Seu crescimento espiritual ao longo da caminhada com o Mestre é notório, assim ele foi se preparando para tornar-se líder, muitas vezes com comentários favoráveis e críticas após os acontecimentos pascais, no entanto ele é reconhecido até mesmo por Paulo (I Cor 15,5; Gl 1,18).
Na instituição da Eucaristia, Pedro também é convidado a garantir a comunhão com Cristo, que é Senhor de todos, e por isso mesmo sua missão é continua.
Que nós cristãos aprendamos com Pedro a estar cada vez mais próximos do Mestre, a amá-lo verdadeiramente a ponto de colocá-lo como Senhor de nossas vidas e por Ele tudo abandonarmos, abandono este que se converte em amor ao próximo, em serviço ao irmão.
[1] Clécia Ribeiro é catequista na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na Arquidiocese de Feira de Santana/Ba
[2]"Escatologia" é uma palavra de origem grega. É composta por duas palavras: eschaton, que quer dizer "último", e logos, "doutrina, tratado". Então, escatologia é o tratado ou a doutrina sobre as últimas coisas. É interessante perceber que o Catecismo da Igreja Católica confere à igreja um caráter escatológico. A igreja aparece como parte desse processo escatológico que caminha rumo à casa do Pai: "a igreja visível simboliza a casa paterna para a qual o povo de Deus está a caminho e na qual o Pai 'enxugará toda lágrima de seus olhos' (Apocalipse 21, 4). Por isso, a igreja também é a casa de todos os filhos de Deus, amplamente aberta e acolhedora" (nº 1186). Dessa forma, podemos perceber que "escatologia" não é uma doutrina teológica sobre as últimas coisas, mas sim, reflexão sobre a esperança cristã. Assim, o conteúdo básico de toda a escatologia é a esperança. Fonte:
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Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe acompanhem!
Seu comentário é precioso.
Muito obrigada!
Afetuosamente,
Clécia e Sandra