Famílias Evangelizadas: uma proposta para O Ano Catequético

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Vivemos em um mundo secularizado. O noticiário da TV e do rádio só nos trazem violência; programas e novelas nos mostram famílias fragmentadas e dilaceradas, como se fossem exemplos a serem seguidos. Ouvimos muito falar que hoje já não se cultivam valores essenciais e nem se levam em conta preceitos religiosos quando estes interferem em nossa maneira de viver. No entanto, ainda ouvimos dizer que a família é a célula da sociedade; família é Igreja doméstica. Este desabafo inicial não é um desânimo, antes, trata-se de uma constatação, porém uma constatação que nos deixa inquietos.
Às vezes, quando estamos envolvidos com as ações da Igreja, supomos que vivemos novamente o período de Cristandade e pensamos que a educação da fé está sendo dada nas origens do lar, supostamente, cristão. Contudo, é fácil verificar que, em muitas famílias se encontram pessoas batizadas que não foram evangelizadas. Há muitos católicos que não receberam o anúncio de salvação de Jesus Cristo, mas que buscam a Igreja à procura de sacramentos. Por isso precisamos evangelizar as famílias.
Sabemos dos desafios que se apresentam para um trabalho de evangelização como esse. E sabemos também que não podemos nos limitar a oferecer uma catequese em nossas comunidades sem levar em conta a realidade das pessoas com quem convivemos. Uma realidade que consiste, tanto de um lado, na busca desenfreada pelo prazer, conforto, consumo, competição, quanto por outro, na luta pela sobrevivência, no trabalho como subsistência e na conquista de um mínimo de condições de vida.
Nesse contexto, a Igreja no Brasil nos oferece à reflexão, um Ano Catequético. Não um ano dedicado à catequese, como muitos poderiam pensar, uma preocupação apenas para catequistas, mas um ano de ações e promoções para “um despertar de todos os cristãos para a importância do aprofundamento e do amadurecimento na fé, vivida no seio de uma comunidade, empenhada em irradiar a vida em Cristo para toda a sociedade”. É o que nos diz o texto do Ano Catequético Nacional(2), documento aprovado por todos os bispos do Brasil na Assembléia da CNBB de 2007. Isto significa que a Igreja se dirige a todos os cristãos católicos, de todas as pastorais, de todos os movimentos, de todos os segmentos para que, em comunhão, numa verdadeira pastoral de conjunto, possamos “dar um novo impulso à catequese como serviço eclesial e como caminho para o discipulado”(3) de Jesus Cristo.
Algumas vezes, pode parecer que o discurso eclesial se apresente distante da realidade e que achemos inatingíveis as metas e os objetivos de uma proposta de ação missionária como essa. Daí logo levantarmos obstáculos e dificuldades e nos sentirmos incapazes de encetar tal missão. Todavia, alenta-nos o fato de não sermos uma Igreja de resultados, cabe-nos apenas, como discípulos missionários, semear. Como nos afirma São Paulo “Eu plantei, Apolo regou” (1Cor 3,6), Deus é que faz a obra crescer. A obra é d’Ele. O projeto do Reino é de Jesus Cristo.
A experiência de um encontro com o Mestre, a exemplo daquele que tiveram os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), experiência que abrasou seus corações e trouxe significado à sua caminhada, precisa ser levada às famílias de nossas comunidades, indiferentes, distantes, sofridas e pobres. E é preciso lembrar que antes de falar, Jesus ouviu as angústias e decepções dos discípulos e caminhou devagar com eles até levá-los à ressurreição de sua própria esperança. Muitas famílias precisam exatamente disso: serem ouvidas pela Igreja em suas decepções e angústias. Muitas famílias precisam de que a Igreja caminhe com elas devagar e lhes devolva a esperança.

Margareth Villalba(1)

Notas
1. Psicopedagoga e Coordenadora da Escola de Formação de Catequistas do Regional Centro-Oeste.
2. Texto-base do Ano Catequético Nacional nº 6
3. idem nº7

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Afetuosamente,
Clécia e Sandra

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