Uma amiga catequista me confessou que andava triste e desanimada. Sabe estes momentos de deserto que se apodera da gente e quase nos derruba? Isso aconteceu com ela. O filho mais novo, sentindo a tristeza da mãe, decidiu agir. De cinco em cinco minutos ele chegava até ela, dava um abraço e dizia “Mãe, eu te amo”. Esta minha amiga catequista me contou que com aquele abraço do filho, sentia-se mais animada e encorajada a enfrentar os dias sombrios em que ela se encontrava. O recado do filho, nas entrelinhas, era para que a mãe soubesse que ele estava ali ao lado. Era isso que ele dizia mesmo sem dizer explicitamente: “Estou ao seu lado, eu te amo, não fique triste mãe”.
Esta relação de mãe e filho é prova da existência do amor puro e verdadeiro entre ambos. Cumplicidade. Sinergia. Relação profunda. Amor dos mais sinceros, daqueles que irrompem a razão. Num mundo contaminado pelas relações superficiais, sem gestos de carinho e onde “pequenas atitudes” são cada vez mais raras, me emociono ao ouvir relatos deste tipo.
Tenho ouvido muitos desabafos de catequistas desanimados, tristes e sem forças para continuarem sua missão. Os motivos são os mais diversos e passam desde questões pessoais, como problemas em casa, no casamento, com filhos ou um desânimo generalizado com a própria vida em comunidade. Se nós, lideranças pastorais e catequistas, agíssemos como este filho com mãe, e pudéssemos dizer uns aos outros de forma mais freqüente e verdadeira “ eu te amo e estou ao seu lado para o que der e vier”, como seria mais leve a nossa missão....
Tenho certeza que muitos catequistas desistem de serem evangelizadores pela ausência de afeto, de relações mais humanas. Não é a falta de entendimento sobre o que é a missão ou crise de fé. É o afeto, aquele que todo mundo precisa, que não aparece como deveria nas relações comunitárias. As vezes nos esvaziamos, acontecem os momentos de deserto e poucos aparecem para um abraço carinhoso, uma palavra de consolo ou, até mesmo, um silêncio de compreensão, do tipo que diz “ eu te entendo, e te amo mesmo assim”. Sem julgamentos!
Precisamos estreitar laços, conhecer mais quem caminha ao nosso lado. Poder ter a liberdade de pedir ajuda, de dizer “estou triste, com problemas, sem forças” e encontrar em outros catequistas, a coragem de ressurgir e quem saber prosseguir.
O amor puro, de um filho para uma mãe, a percepção clara e íntima de que algo não está bem, a palavra certa e rápida como forma de ânimo, a pureza de uma criança em querer ajudar, animar, levantar, reerguer quem ela mais ama. É desse exemplo que precisamos para animar quem está para baixo, e manter empolgado quem ainda caminha empolgado com a missão.
Talvez, o que falta, não sejam cursos demasiados, formações demoradas, palestras, encontros, livros disso ou daquilo, teses e mais teses que instruem para este ou aquele método. O que falta é afeto, um momento de encontro, de olho no olho, de prece, de oportunidade para dizer e ouvir “eu te amo, e estou aqui ao seu lado para o que der e vier”.
Temos a fartura de boas intenções, projetos e desejos pela catequese e, ao mesmo tempo, a miséria de relações compromissadas e duradouras que deveriam guiar qualquer ação que tenha como pano de fundo, o projeto de Jesus Cristo.
* Por Alberto Meneguzzi
http://www.albertomeneguzzi.blog.uol.com.br/
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Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe acompanhem!
Seu comentário é precioso.
Muito obrigada!
Afetuosamente,
Clécia e Sandra