Nem só de sexo vive a internet

A Igreja entende a Internet como uma das maravilhosas invenções da técnica.

João Paulo II disse numa ocasião que a Internet pode oferecer magníficas oportunidades de evangelização, “se usada com competência e clara consciência de suas forças e fraquezas”.

O Documento de Aparecida também não esquece do assunto e faz um alerta. “Os meios de comunicação não substituem as relações pessoais e nem a vida comunitária. No entanto, os sites podem reforçar e estimular o intercâmbio de experiências e informações que intensifiquem a prática religiosa através de acompanhamentos e orientações.”

Tenho dificuldade de imaginar como seria minha vida sem a internet. Embora ela já tenha quase três décadas desde a sua expansão, só comecei ter acesso mais direto a ela a partir do final dos anos oitenta. Antes disso, nem computador eu tinha. Por isso, pelo menos para mim, a internet acabou fazendo uma revolução e hoje, faz uma grande diferença no meu dia a dia.

Mas seguidamente navego por este imenso espaço virtual sem saber exatamente o que eu quero. Circulo por páginas de notícias e esporte, dou uma espiada nos jornais on line e nas páginas das emissoras de rádio. Vasculho blogs de catequistas, atualizo orkut e falo com freqüência com pessoas no messenger. Aos poucos, vou descobrindo a imensidão desta ferramenta fabulosa.

Desde 2005 me interessei ainda mais por estas “coisas virtuais”. Meus desabafos sobre catequese em forma de texto ganharam o espaço cibernético através de um site voltado à catequese e se tornaram públicos. A partir daí, a minha missão que até se resumia aos encontros com jovens adolescentes de crisma uma vez por semana, passou a ser mais ampla e desafiadora. A mensagem que parecia apenas um desabafo de um catequista de uma comunidade do sul do país, acabou sendo porta-voz de muitas outras mensagens semelhantes, que estavam escondidas em centenas de outras comunidades deste imenso país.

Volto ao Documento de Aparecida. “É necessário comunicar os valores evangélicos de maneira positiva e propositiva” Senti esta necessidade e vi na internet uma vasta oportunidade de expandir o projeto de Deus. Surgiram dois livros escritos por mim, baseados nas experiências relatas por catequistas de todo o Brasil. A partir daí, apareceram também novos desafios: encontros, palestras, seminários, semanas teológicas, contatos, retiros, simpósios e outras tantas oportunidades de espalhar a palavra de Deus. Me vi envolvido com todo este processo, que surgiu meio que sem querer, a partir de uma consulta que fiz a um site católico voltado para a catequese. Lembro que até uma palestra, via MSN, eu fiz para um grupo de catequistas da cidade de Caçapava, interior de São Paulo. E numa palestra aqui em Caxias do Sul, uma catequista do Paraná ( Ângela), via internet, fez a oração inicial do encontro para um auditório com dezenas de catequistas.

Hoje, depois de quase cinco anos, vejo-me pequeno diante da imensidão do mundo virtual.

Noto uma necessidade enorme de novas páginas voltadas aos catequistas, de trabalhos disponíveis na internet direcionados à catequese. Abriu-se nos últimos anos anos, um vasto campo de oportunidades nesta área. Isso está possibilitando uma relação nunca antes vista entre pessoas que vivem a milhares de quilômetros de distância. É tão grande o mundo de oportunidades nesta área, que muitas vezes me pergundo: o que fazer com isso tudo?

Temos visto como tem sido usada a internet. Ela virou terra de ninguém. Pornografia, pedofilia, sexo virtual, golpes, vírus, mensagens anônimas ofensivas e tantos outros ataques a honra, a ética e aos valores morais das pessoas e da instituições. Estamos vivendo um possibilidade de descontrole total quando o assunto é internet.

Por isso é preciso contrapor. Criar alternativas viáveis e interessantes no espaço cibernético. Direcionar às pessoas para um lado positivo, alternativo, de boas mensagens, com fotos interessantes, de conteúdos éticos e cristãos. Esta é, sem dúvida, a grande oportunidade que temos para ocuparmos uma fatia maior do mundo virtual, estabelecendo um confronto com tudo aquilo de ruim que oferece. Ao invés de fugir desta briga, é em direção a ela que devemos armar nossa ofensiva.

A nossa munição, a resposta que devemos dar, é utilizar estes meios para uma mensagem diferente. Mas isso deve acontecer com o mínimo de preparo. Colocar páginas na internet, criar blogs e utilizar uma ferramenta tão preciosa para o simples envio de " qualquer coisa" tirada de "qualquer lugar" é como enfrentar um navio de guerra com uma simples canoa.

Fala-se tanto de Iniciação à vida Cristã e é bom que saibamos o que consta no livro 97 da CNBB (Pág.27). “A iniciação é inserção na totalidade da experiência de fé. Não é só aprendizado de doutrina.” E o Documento de Aparecida reforça. “Precisamos abandonar as ultrapassadas estruturas que não favoreçam a transmissão da fé.” ( DAp,n.365)

Por tudo isso, o Encontro de Catequistas que se conheceram pela Internet e, através dela, fortaleceram laços, estreitaram relações criando momentos de formação, troca de experiências e encorajamento mútuo, torna-se um instante de graça. São João Del Rei é a cidade que acolherá no próximo dia 10 de julho pessoas que amam a catequese e que se utilizam dos novos meios de comunicação, para espalhar o projeto de Deus.

A Igreja precisa fazer mais isso: utilizar melhor seus meios de comunicação e proporcionar que muitos excluídos do mundo digital possam ter acesso a esta maravilhosa invenção. Isso não é apenas para a internet, mas sim, para suas emissoras de rádio e televisão, muitas delas, com uma programação fraca, sem atrativos e com uma linguagem que não toca mais ninguém.

Não temos como fugir dessa realisase e não podemos ter medo de utilizar estas ferramentas tecnológicas.

Os Documentos da Igreja pedem isso. Por isso, de uma vez por todas, é hora de arregaçarmos as mangas e partirmos para a navegação em águas mais profundas do espaço cibernético.

Se não for desta forma, vamos ficar apenas com as frases bonitas, postas nas inúmeras publicações da Igreja e que depois, são despejadas em palestras através de power points, mas sem nenhum resultado prático.

Por Alberto Meneguzzi

catequese@albertomeneguzzi.com.br