Outro dia, após uma das muitas reuniões que estamos tendo para preparar a celebração da Crisma e o retiro dos crismandos, minha irmã questionava o porquê eu “insistia” em ser catequista.
Tentei explicar a ela de maneira direta o motivo que ainda me mantêm na Catequese, porém para minha surpresa, após alguns minutos de silêncio ela me questiona novamente: Mas por que logo de Crisma?
No início pensei que ela duvidasse da minha capacidade em ser catequista de Crisma, mas ela completou:
“A crisma pra mim foi minha maior decepção, eu espera muito de mim, da Igreja e da minha madrinha após o sacramento, mas nada aconteceu, ficou tudo igual ou pior. A preparação foi fraca, só fizemos falar da campanha da fraternidade e revisar tudo o que já tínhamos visto na catequese. As coisas eram pra serem diferentes, só porque tínhamos um cantor como catequista, tudo precisa ser cantado? Só porque a outra catequista era da RCC ela tinha que chorar todo encontro? Eu me lembro que antes de anunciarem quem estava preparado tinha que fazer um redação justificando o motivo pelo qual nos achávamos preparados para receber o sacramento e eu respondi que não estava preparada, que não era o meu momento, mas aposto que nem leram. Afinal, em uma turma de mais de 60 pessoas, como perder tempo lendo redações se no encontro seguinte já questionavam quem seria meu padrinho? Eu só tinha 15 anos, não sabia o que queria, e graças a Crisma e a catequistas como aqueles, até hoje eu não sei meu papel na Igreja, e é por isso que não vou as missas”.
Tentei explicar a ela de maneira direta o motivo que ainda me mantêm na Catequese, porém para minha surpresa, após alguns minutos de silêncio ela me questiona novamente: Mas por que logo de Crisma?
No início pensei que ela duvidasse da minha capacidade em ser catequista de Crisma, mas ela completou:
“A crisma pra mim foi minha maior decepção, eu espera muito de mim, da Igreja e da minha madrinha após o sacramento, mas nada aconteceu, ficou tudo igual ou pior. A preparação foi fraca, só fizemos falar da campanha da fraternidade e revisar tudo o que já tínhamos visto na catequese. As coisas eram pra serem diferentes, só porque tínhamos um cantor como catequista, tudo precisa ser cantado? Só porque a outra catequista era da RCC ela tinha que chorar todo encontro? Eu me lembro que antes de anunciarem quem estava preparado tinha que fazer um redação justificando o motivo pelo qual nos achávamos preparados para receber o sacramento e eu respondi que não estava preparada, que não era o meu momento, mas aposto que nem leram. Afinal, em uma turma de mais de 60 pessoas, como perder tempo lendo redações se no encontro seguinte já questionavam quem seria meu padrinho? Eu só tinha 15 anos, não sabia o que queria, e graças a Crisma e a catequistas como aqueles, até hoje eu não sei meu papel na Igreja, e é por isso que não vou as missas”.
Depois dessa confissão, fiquei sem argumentos. É um grito de socorro que ela deu. Eu sei que ela não vai às missas não só por esse motivo, têm muitos outros envolvidos. Hoje sei que minha irmãzinha, aquele a quem eu coloquei e incentivei no grupo de coroinhas, no grupo de oração do terço, apesar de todas essas vivencias, nunca teve um encontro pessoal com Deus.
Aproveito para me questionar e deixar a todos os que vão ler isso a seguinte pergunta: Que cristão eu estou encaminhando?
Sandra Avelino
Catequista da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Arquidiocese de Feira de Santana-Ba
7 comentários:
Puxa Sandra, que puxão de orelhas... tomei a liberdade de postar esse relato no meu blog...amei!
Beijo grande!
Imaculada
Sandra, acho que esta reflexão muito interessante. E percebo que este seja talvez o grande desafio da catequese de iniciação cristã para crianças e adolescentes. Como proporcionar verdadeiros encontros com Deus neste nosso mundo globalizado, que a cada dia bombardeia os jovens com a falsa ideia de que TER é tudo de bom? Não tenho respostas, mas como catequistas precisamos acreditar que a nossa vivência de fé produza fruto no coração de nossos catequizandos e crismandos.
oi Sandra lendo desse reflexão, também levei um grande puxão de orelha, parece que estava aqui na minha frente a minha irmã me dizendo essas mesmas coisas, pois minha irmã também não frequenta missa, e também fica me perguntando como que faço para ter essa perseverança e como consigo ser catequista, aliás a família inteir assiduamente ame pergunta isso, de toda a minha família somente eu, sou catequista e participo assiduamente achoa que é hora de refletir, e que aconteceu, e acontece não tenho resposta ainda, mas com uma catequista que sou vou procurar fazer com que isso mude.... Tomei a liberdade de copiar essa reflexão e postarei em blog...
Paz e bem,
Érica
Olá Sandra,
Fiquei profundamente irrequieto com o relato. Nesse sentido, a título de compreensão e reflexão, tenho lido “experimentar Deus” – Leonardo Boff. Assim, “para encontrarmos o Deus vivo e verdadeiro a quem podemos entregar o coração, precisamos negar aquele Deus construído pelo imaginário religioso e aprisionado nas malhas das doutrinas.” Isso faz-nos herdeiros de uma vida celebrativa, na alegria de viver a experiência do Divino-mistério. Ainda, Segundo Boff: ”Deus perpassa toda a realidade, pode ser percebido e experimentado nas mais diferentes situações da vida e em cada detalhe da vida pessoal e do universo”. Portanto, somos todos convidados a ter uma experiência verdadeira com Deus, cada um a seu tempo, sentir Deus a partir do nosso coração, reverência e afeto.
Beijos...Joel
Caros,
não sou catequista, apenas um católico, reconverso depois de 30 anos afastado da Igreja, e que ainda tropeça constantemente. Entretanto, catequese é algo em que penso constantemente. Sem pesquisa, sem estatísticas e sem teses, apenas um certo grau de empirismo, atrevo-me a dizer que a catequese de crianças e adolescentes é tarefa primordial da família. E a catequese da família deveria ser catequese (constante, permanente) da Igreja e autocatequese.
Catequese é uma tarefa gigantesca, hercúlea. Dissociada da família, mais gigantesca ainda. Sem que pai e mãe tenham vida comprometida com a Igreja, e induzam os filhos ao mesmo (induzir = conduzir para, conduzir para dentro), tudo se dificulta. Não se trata (só) do compromisso de ir à Santa Missa nos domingos e dias santos de guarda e dar o dízimo, mas do compromisso conjugal e familiar de levar uma vida piedosa, de concórdia, bondade e firmeza, de santidade no mundo, e de rotina diária de oração. E, na medida da capacidade de compreensão de cada um, de aprender a doutrina da Igreja, vivê-la e defendê-la.
Suspeito que essa forma de catequese começa com o Padre (=pai, pai espiritual) - que deve ser exemplo de vida, dedicação e santidade - através de suas homilias (em comunhão com a Igreja e não com o seu próprio pensar - e em consequência, em comunhão com o Papa e com o bispo), do zelo pela Eucaristia, pelas Confissões e pela Sagrada Liturgia. E, a despeito das dificuldades da vida moderna, pela retomada das visitas rotineiras dos Sacerdotes às famílias.
No âmbito familiar, creio que se possa começar pela reza diária do terço, as orações por ocasião das refeições, o estímulo às crianças, desde cedo, à leitura da vida dos santos. E se possível, com diminuição do tempo de televisão e computador em casa. A tecnologia, se não submetida à disciplina, é armadilha sedimentadora do individualismo, do egoísmo e da divisão da família: a família deixa de ser família para ser só um ajuntamento de indivíduos fragilmente unidos por conveniências circunstanciais.
Num modelo em que pais se comprometam a fazer de sua casa Igreja doméstica e ofereçam aos seus filhos a catequese da vida diária, catequistas seriam instrumentos poderosos a ajudar adultos e crianças a "mostrar as razões de sua fé" e a fortalecê-las.
Por fim, penso que ser catequista não pode resultar de voluntarismo. Ao catequista a Igreja confia uma tarefa valiosíssima, que é ensinar - o que deve ser feito fielmente - a doutrina da Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica, que é a doutrina do próprio Cristo, Palavra Viva. Doutrina para ser aprendida e vivida. Deve, pois, o catequista investir na oração constante e no aprendizado da Doutrina, da História da Igreja, aprender com os Padres, Doutores e Santos da Igreja, com as encíclicas, cartas apostólicas e homilias do Santo Padre, as instruções dos Conselhos Pontifícios, com os documentos da Igreja... Por outro lado, dioceses e paróquias deveriam, ante tão grande missão atribuída, juntar recursos e esforços e proporcionar os meios para a adequada e sólida formação de catequistas, elaborando e mesmo custeando cursos consistentes e continuados (não de dois ou três dias por ano, mas de dois ou três anos). E, pra começar, que não haja catequista sem Catecismo - aquele livrinho de capa amarela, com a ilustração de um pastor sentado à sombra com o cajado na mão e uma ovelha deitada a seus pés, titulado "Catecismo da Igreja Católica - Edição típica Vaticana".
Mas não esmoreçam, catequistas, com o gigantismo da tarefa. Em sua primeira homilia, S.S.Bento XVI disse que Deus se vale de instrumentos insuficientes (em si mesmos). E o Santo Josemaria Escrivá anotou em algum lugar que Deus deixa-nos à mostra nossa impotência para lembrar-nos que somos instrumentos: quem realiza a obra é Ele.
Nossa! Minha filha também recebeu o Crisma ontem, perguntei a ela o que aprendeu e fiquei decepcionada, ficaram 2 anos se preparando e sem resultado, amo de paixão tudo de Deus e estou sempre em sintonia com Ele meu encontro pessoal foi e é maravilhoso, fico muito triste quando alguém ainda não experimentou. Todos que querem catequizar deveria ter uma preparação e ter pelo menos experimentado Deus; nossos jovens estão desejosos de experiencia de conhecimentos de Deus. bjs. soninha
Nossa! Minha filha também recebeu o Crisma ontem, perguntei a ela o que aprendeu e fiquei decepcionada, ficaram 2 anos se preparando e sem resultado, amo de paixão tudo de Deus e estou sempre em sintonia com Ele meu encontro pessoal foi e é maravilhoso, fico muito triste quando alguém ainda não experimentou. Todos que querem catequizar deveria ter uma preparação e ter pelo menos experimentado Deus; nossos jovens estão desejosos de experiencia de conhecimentos de Deus. bjs. soninha
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Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe acompanhem!
Seu comentário é precioso.
Muito obrigada!
Afetuosamente,
Clécia e Sandra