“Reaviva o dom de Deus que há em te” (2Tim 1,6)

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“Reaviva o dom de Deus que há em te” (2Tim 1,6)
“Reaviva o dom de Deus que há em te” (2Tim 1,6)

(Pe. Gerson Pereira de Figueiredo) 

Com essas Palavras, foi aberto no ano de 2011 o ano jubilar. Uma Igreja viva e Missionária que completará cinqüenta anos de vida e missão, quer dizer, cinqüenta anos de luta, de conquistas e de glória, mas também de dissabores. Eu nunca havia escrito nada acerca do jubileu de ouro da nossa Arquidiocese de Feira de Santana, muitos são os motivos, entre eles, penso que pela minha pouca idade ministerial e pela pouca experiência de fé, seria melhor deixar todo tipo de reflexão aos mais sábios, assim o fiz. Só que o espírito trai a nossa razão e a usa ao seu modo, não pude me esquivar aos apelos de refletir sobre nosso ano jubilar aqui no site fecatolica. Embora ainda continue com a idéia fixa acerca da inconsistência e até irrelevância de tal reflexão, frente a tantas e mais acuradas que já li.

É preciso que nos perguntemos sobre o contexto dessa frase paulina para seu companheiro Timóteo. Pelo que parece, ela vem num momento muito delicado da vida e da missão desse apóstolo jovem, que havia perdido seus familiares (2 Tim 1,5). Além de está enfrentando enormes desafios no exercício de sua liderança. O que estava acontecendo com Timóteo, Paulo não dá detalhes, mas se mostra bastante preocupado com esse companheiro a ponto de exortá-lo que reavive o dom espiritual com qual Deus o havia dotado. O verbo aqui empregado (despertar/reavivar; desperte/reavives) significa manter a chama do fogo acesa. Por alguma razão, Timóteo estava esquecendo que o Espírito Santo habitava nele e esse esquecimento o estava levando ao apagar da luz interior. Paulo chega com sua exortação exatamente para não deixar que isso aconteça. Essa carta de Paulo a Timóteo traduz nitidamente que um discípulo/missionário também tem crises – uma comunidade também tem crises, uma paróquia ou mesmo dioceses inteiras pode se encontrar em meio a falta de perspectivas/ prospectivas, embora isso não fique sempre claro para todos.

Penso que esse momento de reavivamento dos dons de Deus na Arquidiocese de Feira de Santana seja também uma oportunidade de fazer memória da caminhada, a ponto de não esconder que não somos super homens, heróis que não choram, que não fraquejam, que não se desentendem. Paulo, na continuidade de sua carta ao amigo, deixa claro suas decepções, suas inconssitencias e até crises por abandonos sofridos por companheiros de missão (v.15). Jesus não escondeu sua vontade de ver o cálice afastado. Nem omitiu suas decepções, quando, rotineiramente, seus discípulos não compreendiam suas parábolas ou atitudes. Queremos deixar clarividente que nossa Igreja, embora fundada pelo Divino Mestre, é guiada por homens, sábios – porém homens e sendo assim, possível de haver desencanto, perda de horizonte, falta de comunhão de alguns e indiscrição de outros. Será que ao celebrarmos o jubileu não seria momento de reacendermos, exortados por Paulo, as chamas do batismo, do ministério e do serviço, que são os dons de Deus para nós? Será que não seria o momento oportuno, de uma Igreja mais profética diante de uma cidade corrupta em suas instâncias de poder e mais comprometida com as periferias? Será que não seria hora de reacendermos os dons do compromisso com os pobres e com os jovens? Qual o resultado de sermos moradas dos dons do Espírito?

A Igreja de Feira de Santana tem muito o que falar e muito o que calar também. Momentos de luz e momentos de trevas. Momentos de profunda santidade e compromisso e momento de profunda omissão. Somos uma Igreja de homens, essa verdade nos ilumina para buscarmos a Deus. Quando ao lembrar nossa vida e missão desejamos reavivar os dons de Deus em nós, necessitamos contextualizar esse esses dons, essa vida e essa missão. Dar-lhe lugar e espaço no horizonte de nossa fé e de nossa prática, assumindo nosso chão histórico, pois na história somos salvos pelo Senhor da história. Assim, caminharemos para uma mudança de rumo mais concreta, uma transformação mais autêntica e uma verdadeira conversão pessoal, eclesial e pastoral. Deus seja louvado pela vida da Arquidiocese de Feira de Santana, por sua missão e esse mesmo Deus reavive em todos os dons de sua graça através do Espírito Santo que habita em nós. Amém.

gerson-fig@bol.com.br 

Pe. Gerson FigueiredoPe. Gerson Figueiredo



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Clécia e Sandra

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