O amor nos faz pequenos

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O relato da doação de duas moedas, de pouquíssimo valor, feita pela viúva no templo de Jerusalém, é de grande valia para percebermos o significado das pequenas ações. Vivemos num mundo do espetáculo e da imagem, onde o que causa admiração e aplausos é a grandeza de como as coisas são feitas. Há, assim, a tendência em fazer com que tudo seja mega, de grandes proporções. O pequeno torna-se, deste modo, insignificante.

Soma-se a isso, na cultura do ter, a tendência de valorar as pessoas pelas suas posses, quantidade de bens, ou pela grandeza de sua posição social. Quem é desprovido de bens não tem valor.

O próprio conceito de santidade foi também influenciado por uma mentalidade similar.  O Santo é aquele que realiza grandes milagres, tornando-se um verdadeiro taumaturgo, ou aquele a quem foram concedidas grandes graças ou dons extraordinários.

Jesus, no evangelho, elogia o pequeno gesto da viúva: “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas”. É, assim, afirmada não a dinâmica da quantidade, mas a da qualidade, como em seguida salienta Jesus: “Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”.

Nesse sentido, é afirmada a grandeza não da coisa em si, mas sim, do coração de quem realiza a ação. Já dizia o poeta português: “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. O que, portanto, nos faz santos não é a quantidade do que fazemos, nem mesmo o tamanho das nossas ações, mas o amor com o qual realizamos todas as coisas.

A jovem Santa Terezinha do Menino Jesus, com a concepção da “pequena via”, muito contribuiu para fazer-nos compreender esse percurso indicado por Jesus.  O caminho da humildade e da simplicidade é a estrada por ela percorrida e a nós apontada, fazendo-nos ver que, no nosso dia-a-dia, nos são oferecidas ocasiões diversas para nos unirmos a Jesus, oferecendo-Lhe atos de amor, através das atividades corriqueiras que devemos desempenhar.

Ela mesma, citando São Bernardo, compreendeu que esta era, na verdade, a dinâmica presente na vida de Jesus: “Jesus, quem vos fez tão pequeno? O Amor”. De fato foi o amor que fez Jesus abaixar-se e fazer-se um de nós tal como o vemos no presépio que Santa Terezinha amava contemplar. 

Foi o amor também que O levou até a Cruz e lá Ele se tornou pequeno ante os poderosos do mundo. Na cruz, Jesus é a Palavra de amor do Pai que se cala, silencia. Na realidade da pequenez da cruz, na expressão de aparente fraqueza e fracasso é manifestada a força e a grandiosidade do amor de Deus, confirmadas na manhã da Ressurreição.

Na condição de seguidores de Jesus, queremos aprender, como o fez Santa Terezinha do Menino Jesus, a transformar o ordinário em extraordinário, a tornar todas as coisas grandes pelo amor, a oferecer nossas pequenas moedas dos pequenos gestos e sacrifícios e, sobretudo, perceber que a dinâmica do amor nos leva a sair de nós mesmos e a fazer-nos pequenos.

Pe. Pedro Moraes Brito Júnior
pepedrojr@hotmail.com

1 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Olá, Clécia e Sandra
As moedas dadas com amor fazem a diferença!!!
Sejam abençoadas e felizes!!!
Bjs de paz

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Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe acompanhem!
Seu comentário é precioso.
Muito obrigada!
Afetuosamente,
Clécia e Sandra

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