“Este
mistério é grande, eu digo em relação a Cristo e à Igreja” (Ef 5,32)
Quando consideramos o sacramento do Matrimônio, tocamos numa
realidade em que o natural e o sobrenatural se entrelaçam de forma
maravilhosa. A partir do momento em que
acreditamos que Deus se encarnou, cremos
que Ele veio nos revelar onde estava de fato a presença divina. Ora, o Verbo
divino veio morar no meio de nós, escolhendo viver dentro de uma família. Não escolheu
nenhum templo, nenhum objeto, enfim, nada que as religiões e crenças estavam
acostumadas a sacralizar como lugar do divino. Simplesmente, viveu no seio de
uma pequena família, dentro de uma simples casa. Sem incensos, sem parâmetros,
sem ritos, a não ser o que se faz dentro de um lar.
Esse mesmo Jesus, ao começar a pregação do Evangelho, fez
questão de transformar uma festa de casamento, em Caná, no símbolo mais belo da
sua missão: unir para sempre, como num matrimônio, o humano com o divino, onde
a água, que simboliza o humano, é transformada em vinho, que simboliza o
divino. E a sua pregação surpreende, ao revelar que Deus é Trindade de amor,
como se fosse também uma família, onde há paternidade, maternidade e filiação. De
fato, sua mãe Maria foi habitada pelo
Espírito Santo de amor e Eles se diz Filho de Deus Pai desde toda a eternidade.
Com isso, a sua família humana tornou-se sinal sacramental da sua família
divina. Eis a maravilhosa sacramentalidade da família humana. Por isso, a
família não é o resultado cultural da história, mas é invenção de Deus, brota
da própria natureza trinitária de Deus.
No rito do Matrimônio não há outros símbolos e gestos, como
óleo, água, pão e vinho, imposição das mãos etc., senão os próprios noivos. São
eles que presidem a celebração, e todas as outras pessoas, inclusive o
ministro, são apenas testemunhas. No momento em que se acolhem mutuamente, como
esposo e esposa, tornam-se sinais sacramentais da união e do amor entre Deus e
a humanidade, que se concretizou na união entre Cristo e a Igreja, Povo de
Deus.
Eis a grandeza do sacramento do Matrimônio, que é
considerado um evangelho, isto é, uma revelação do Divino, eis porque a família
cristã é verdadeiramente uma Igreja doméstica, ou seja, uma comunidade sacramental
que manifesta e atualiza a presença de Deus neste mundo.
É como se a família de Nazaré, Jesus, Maria e José, encontrasse em cada casal, que
consagra sua união, uma continuidade no tempo e no espaço.
Pe. Ulysses da Silva, C. SS. R.
Revista de Aparecida. Ano 11, nº 124, Jul.2012.
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Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe acompanhem!
Seu comentário é precioso.
Muito obrigada!
Afetuosamente,
Clécia e Sandra