Senhor, confiaste-me dois talentos; eis aqui os dois outros que conquistei.

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Alguns fatos do meu passado revolvem minha memória como um insight. Lembro exatamente da primeira vez em que ouvi a parábola dos talentos (Mt 25, 14-29). Eu estava na Santa Missa dominical com minha mãe e eu devia ter aproximadamente 8 ou 10 anos no máximo. Recordo que durante a proclamação do Evangelho, proferida pelo Diácono me sensibilizei por aquele servo que receberá apenas um talento. Achei a principio, que o senhor, era um senhor mal, injusto e cruel, visto que era possível dividir de forma mais justa aqueles talentos. Pensei comigo mesma, se fosse eu que recebesse muito menos que todos os outros, eu guardava para devolver da mesma maneira em que recebi. Eu não poderia correr o risco de perder aquilo que me foi dado com tanto cuidado.

E é exatamente isto que a parábola revela. Aquele que recebeu apenas um talento o enterrou. Enterrou por medo, por receio, por mediocridade, enfim, apenas o enterrou para devolver intacto. Mas meu susto infantil foi a revelação ao final daquela parábola. O senhor daqueles homens fica triste e decepcionado com aquele servo incapaz de multiplicar o que lhe foi confiado. E alem da decepção as palavras de maldição proferidas (dor, sofrimento, perderás tudo, ranger de dentes, etc,) me assustou muito, mas que criança não se assustaria?

A homilia não veio como refrigério para minh’alma. O Pe explicou o que era os talentos (moedas de ouro) e explicou o que Jesus desejava falar com aquela parábola. Que tudo aquilo que Deus nos dava como dons, tínhamos que colocar a serviço, à disposição de quem nos deu. Era preciso fazer multiplicar aquilo que nosso Senhor nos confiava tão cegamente. Lembro o Pe dizer que o senhor daquele servo, antes de viajar não dividiu algumas moedas, dividiu todas as suas moedas e que da mesma maneira Deus nos dá tudo aquilo que ele tem de melhor, de mais precioso. E insistentemente corroborava com o castigo para aquele servo mal e preguiçoso. Tenho certeza de que a homilia deve ter dito sobre muitas outras nuances que essa parábola, mas exponho aqui aquilo que efetivamente me recordo.

Por algum bom tempo, muito tempo por sinal, eu me esqueci dela. Semana passada estava discutindo com um amigo a redação de uma carta para a Semana de Formação de Catequistas da minha Arquidiocese. Depois de carta pronta, discutíamos a escolha de um versículo bíblico para endossá-la. Eu havia escolhido uma sobre a escolha dos apóstolos, e ele me indicou a seguinte: Senhor, confiaste-me dois talentos; eis aqui os dois outros que conquistei. (Mt 25,22). E foi aí, com a leitura desta indicação é que dei por mim o que significa a multiplicação dos talentos. E mais, foi com aquela leitura e a internalização da mesma é que percebi que aquilo que eu julguei certo enquanto criança, eu estava pondo em prática.

Sim, estava disposta a fazer neste ano aquilo que eu queria quando criança, que era o de enterrar meu talento. Por medo de perder, por medo de não fazer “render”, por capricho, por infantilidade, enfim, por muitos e diversos motivos.

Ano passado, eu me machuquei com muitas e pequenas coisas. E o pior, que além de me machucar eu também machuquei muita gente a quem tenho apreço. Foi um final de ano bem difícil, e por fim, decidi dar um tempo em tudo. Ter "um tempo só pra mim". Sem cobranças, sem desafios, sem compromissos. Naquele momento eu nem cogitei se aquela minha decisão era a Vontade ou apenas a minha vontade.

Depois esse amigo, voltou atrás na indicação (e Bendito seja Deus meu amigo, por ter me revelado através de você aquilo que eu precisava ouvire disse que o versículo sobre os apóstolos que eu havia escolhido anteriormente estava bom, que era sim o mais apropriado. Mas eu sei que o que foi realmente apropriado foi a minha leitura e reflexão acerca da parábola por mim esquecida, a parábola dos talentos. A que nos põe em nossa verdadeira condição, condição de servos. E se obedientes, multiplicaremos aquilo que nos foi entregue com tanto zelo, com tanto amor e confiança.

Li, re-li, refleti e decidir voltar atrás na minha decisão.

Louvado seja Deus!


Sandra Avelino

1 comentários:

Anônimo disse...

Estou saindo para trabalhar agora e darei uma Reunião para nossos professores depois de um ano difícil e um ano começando cheio de indagações. Escolhi para abrir a reunião o Evangelho de Jesus no barco deitado sobre o travesseiro no meio da tempestade. E abrindo agora o meu E mail me deparo com seu texto sobre os dois talentos. E assim como você concluo que também tenho enterrado meus talentos e não tenho multiplicado meus dons. Jesus está sim no meu barco deitado em um travesseiro mas atento a tudo. O problema é: - Será que estive atenta a isso que não estou só nessas tempestades?/ Mas o que realmente fiz de concreto´para multiplicar meus talentos que ELE me entregou? Uma escola, alunos, funcionários para administrar e eu desanimada deixando o barco naufragar??? Obrigada por ser boca de Jesus hoje nesse meu dia, ano que se inicia. Paz de Jesus e o amor de Maria. Reze por mim e pelo Instituto de Educação Luciano

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Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe acompanhem!
Seu comentário é precioso.
Muito obrigada!
Afetuosamente,
Clécia e Sandra

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