Sociedade doente, catequese doente

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A catequese que fazemos nada mais é do que o senso-comum do comportamento social. Parece meio filosófico isso, mas é assim que analiso.
Temos uma sociedade doente e por conseqüência, a catequese também trilha o mesmo caminho.
Uma sociedade que preza o consumo e transforma quase tudo em descartável tem muito a ver com uma catequese que não consegue dialogar de forma franca e aberta sobre o uso, por exemplo, de uma simples camiseta do dia da celebração de primeira eucaristia ou crisma. Assunto pequeno para um texto que parecia querer filosofar? Sim, assunto pequeno, mas muito grande para uma catequese que se mostra doente quando ainda faz destas coisas, um motivo para grandes discussões e divergências até mesmo entre os catequistas.
Uma sociedade que não prioriza o diálogo descarta o entendimento e transforma as relações pessoais em uma disputa sem ética alguma, tem muito a ver com a relação distante que muitos de nós catequistas temos entre nós mesmos. Uma catequese doente esquece da oração nos encontros e vive com dificuldades para tentar resolver situações que poderiam ser perfeitamente contornáveis com uma boa conversa.
Uma sociedade doente valoriza mais o ter do que o ser.
Uma catequese doente faz a mesma coisa. Em muitas comunidades, quem “tem” é mais bem tratado. Quem “não tem” fica relegado a um segundo plano. Parece estranho dizer isso, mas é a pura realidade. Dói admitir que mesmo em meio a catequistas e no ambiente de Igreja exista este tipo de comportamento, que valoriza mais o ter do que o ser.
A sociedade doente tem pressa, quer as coisas para ontem, quer resultados, cumprimento de metas, lucro.
A catequese doente também espera resultados rápidos e, por isso, acaba se tornando incompleta e incoerente com os seus propósitos.
A sociedade doente é individualista, só tem olhos para si. O que vale é o “eu”.
A catequese doente não pensa no espírito comunitário, não dialoga com outros serviços e pastorais e não entende encontros de formação como importantes. Neste contexto é que muitos catequistas vivem, ou seja, na soberba de achar que já sabem tudo. Com isso, não se relacionam, não convivem e muito menos trocam experiências com os outros.
A sociedade doente não encara o lado espiritual como algo importante.
A catequese doente também transforma a eucaristia em algo secundário ausenta-se das celebrações dominicais e não se abastece nos propósitos do projeto de Deus.
A catequese que vivemos, que tanto reclamamos, é reflexo direto da sociedade doente e da qual fizemos parte.
Basta saber se o que queremos na catequese é o mesmo que buscamos na nossa vida em sociedade.
Com a ética não se negocia.
Com a catequese, não se brinca.

Por Alberto Meneguzzi

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Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo lhe acompanhem!
Seu comentário é precioso.
Muito obrigada!
Afetuosamente,
Clécia e Sandra

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