A leitura da Bíblia como tarefa eclesial

108. A Bíblia, como Palavra revelada, se deu na vida e na caminhada de um povo. Consequentemente, a leitura da Bíblia é uma tarefa, não individual, mas eclesial (cf. 2 Pd 1,20), pois se trata de lê-la ao mesmo Espírito que a inspirou e a codificou, ou seja, na fé de um povo e no discernimento comunitário da comunicação de Deus na vida (cf. XII Sínodo dos Bispos, Lineamenta,8). Como dizia Santo Agostinho, antes do “livro da Bíblia”, Deus se revelou e continua se revelando no “livro da vida”. Primeiro vem a revelação de Deus no “livro da vida”, depois nos é dado o “livro da Bíblia”, para decodificar a revelação do “livro da vida”.
109. Trata-se de uma tarefa, não de um grupo à margem da comunidade ou fechado sobre si mesmo, mas de toda a Igreja, em suas diversas instâncias (cf. XII Sínodo dos Bispos, Lineamenta, 16). Os diversos grupos e pequenas comunidades evidentemente devem fazê-lo, mas sua interpretação precisa ser sempre confrontada com a interpretação de outros segmentos, para chegar à mesma profissão de fé, autenticada pelo Magistério (cf. DNC 112).
110. A animação bíblico-catequética não é autossuficiente, fechada em si mesma. Ela se alicerça na fé e na vida da comunidade, ao mesmo tempo em que existe para servir Igreja, criando comunidades ou revivificando-as em torno da Palavra revelada (cf. DNC 113). Sua grande tarefa é criar aquelas condições que permitam uma autêntica leitura das Escrituras. Ou seja, por um lado, propiciando o contexto de uma fé eclesial, que permita fazer do intérprete um interlocutor do Deus vivo, que continua se revelando na vida e, por outro, facilitando e fornecendo o texto revelado, a história do texto e de sua interpretação na história da Igreja, para que seja capaz de elaborar sua própria versão do único acontecimento revelado, cuja plenitude se deu em Jesus Cristo de Nazaré (cf. XII Sínodo dos Bispos, Lineamenta, 9).

Fonte: Texto-base – Catequese, caminho para o discipulado; Ano Catequético Nacional – 2009; p. 49 e 50.